Os 3 conselhos de Nuno Serafim, CFO/CIO da 2iQ Research

Nesta rubrica convidamos alguns dos mais reputados especialistas em investimentos financeiros a partilharem consigo três conselhos sobre poupança e investimentos. O convidado desta edição é Nuno Serafim, Chief Financial Officer e Chief Investment Officer da 2iQ Research. Além de uma Pós-graduação em Finanças pelo ISCTE, o Nuno possui uma vasta experiência em gestão de ativos, adquirida ao longo de uma carreira de 24 anos, em Portugal e Espanha. Não perca tempo, Simplesmente Invista!

Perfil LinkedIn: Nuno Serafim | LinkedIn

Poupar e investir não são exatamente a mesma coisa, mas podemos considerar que são as duas faces de uma mesma moeda. Sem Poupança não pode haver Investimento, ao mesmo tempo que más opções de investimento podem ter um efeito desastroso no esforço de poupança, acabando por desincentivar esse mesmo esforço. É por este nexo de causalidade que importa, tanto saber poupar, como saber investir.

1º Conselho – “De pequenino se torce o pepino”

Poupar e investir é um processo e quanto mais sistemático melhor e embora possamos nos divertir a fazê-lo é algo que deve ser feito de forma responsável e informada. Adquirir pequenos hábitos de poupança é fundamental e quanto mais cedo melhor. A combinação entre tempo e rendimento capitalizado é conhecida por juro composto. A frase atribuída a Albert Einstein de que “os juros compostos são a maior força do universo” é ilustrativa desta ideia. Portanto, a ideia a reter é que poupar para o futuro não é poupar no futuro, mas sim poupar já hoje…para o futuro. Quanto mais cedo começar a poupar mais tempo terá para aprender, corrigir eventuais erros e simplesmente aproveitar ao máximo o juro composto.

2º Conselho – “Ajustar os seus investimentos ao ciclo de vida”

Não faz muito sentido para alguém que está a mais de 10 anos da reforma ter uma carteira demasiado defensiva e parca em instrumentos de capitalização. Especialmente no ambiente em que vivemos de taxas de juro reais extremamente negativas, o que não se deverá alterar nos próximos anos. Ou seja, cada dia em que o dinheiro está parqueado num depósito à ordem ou a prazo, ou mesmo num fundo de tesouraria ou de obrigações de curto prazo, está a perder poder de compra. Trocando por miúdos, “a ficar mais pobre”.  Em contraponto, o MSCI World, na sua história de 51 anos, registou 74,5% de anos positivos e apenas 25,5% de anos negativos. A rentabilidade média anualizada é superior a 9% em dólares norte-americanos (o valor a longo prazo não será muito diferente em euros). Sendo assim, pense bem se quer apostar contra as melhores probabilidades que o mundo do investimento pode oferecer. As ações devem constituir, cada vez mais, uma componente significativa da sua carteira de investimento, mesmo que esteja a “apenas” 10 anos da sua reforma.

3º Conselho – “Evitar o bad value for good money”

Em média apenas 30% da chamada gestão ativa consegue fazer melhor que os benchmarks, ou índices de referência. E isto não se deve ao facto dos gestores serem maus, mas sim ao facto de: i. bater benchmarks ser uma tarefa difícil; e ii. as comissões cobradas serem normalmente desajustadas do retorno potencial da classe de ativos subjacente.  Se os seus veículos de investimento têm comissões elevadas e acima das praticadas pela concorrência, então pondere e veja alternativas mais em conta, inclusivamente instrumentos passivos (fundos indexados ou Exchange Traded Funds).

Os PPR são ótimos veículos para a poupança de longo prazo e uma das principais razões é o facto de serem fiscalmente eficientes. Esta poupança fiscal, traduzir-se-á em mais capital acumulado ao fim de alguns anos.

Finalmente, fazer trading não é investir e poderá ser o caminho mais rápido para o desastre financeiro. Deixe isso para os profissionais. Não embarque em modas sem a devida contenção e informação. O famoso Isaac Newton, investidor e físico brilhante, terá perdido grande parte da sua fortuna na bolha do “South Sea Company” em 1720, tendo-se lamentado “I can calculate the movement of stars, but not the madness of men.

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